Relacionamento entre irmãos

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A relação entre irmãos proporciona uma série de aprendizados e uma infinidade de experiências ímpares, tais como carinho, ciúmes, apoio, desavença, inveja, rivalidade, brincadeira, negociação, cumplicidade, entre outros tantos.

O relacionamento entre irmãos é impregnado de expectativas positivas como o amor fraterno, por exemplo. Não obstante, esse tipo de relação traz à tona não somente sentimentos de amor, mas também os de ódio, em igual proporção.

Quando a família tem um segundo filho, instaura-se o que nomeamos de subsistema fraterno, e este envolve vários sentimentos. O nascimento do segundo filho pode ser vivido com muita intensidade pelo primogênito, na medida em que este se sente perdendo o seu lugar único na família, passando então a ter que disputar com alguém, com o irmão. Essa disputa é histórica, visto que, na Bíblia, trata-se a relação de Caim e Abel, que tem um trágico final. A rivalidade faz parte de quase todas as relações fraternas. Observa-se nesse relato somente as características negativas de uma relação entre irmãos. Para que consigamos visualizar também o lado positivo do relacionamento fraterno, é preciso compreender que essa relação exige a aceitação de sentimentos de ambivalência, de amor e de ódio. É fundamental ainda observar que a relação entre irmãos é altamente influenciada pelas expectativas que a família tem acerca da personalidade, das habilidades e competência de cada um dos filhos.

Falando de pontos favoráveis na relação entre irmãos, esta é uma importante fonte de aprendizagem e de treino de relação entre iguais. Esse é o primeiro contexto na vida de uma pessoa em que aprendemos a competir, a ser solidários e é onde construímos nossa autonomia. Conforme mencionado anteriormente, as expectativas criadas pela família fazem com que as relações de poder, a função de cada uma dos irmãos e o tipo de comunicação que cada um deles usufrui sejam construídas. Para que essa relação flua satisfatoriamente, os pais não devem se envolver exageradamente na relação fraterna, especialmente quando os filhos já são adolescentes ou adultos.

Finalizando, tornar-se irmão é uma tarefa complexa, mas extremamente prazerosa e que exige organizações presentes e futuras de todo o sistema familiar. Os relacionamentos fraternos mostram-se como fortes colaboradores para a harmonia ou desarmonia na família, bem como são o local onde as pessoas aprendem a desenvolver os padrões de seus relacionamentos.

Tempo de adoecer? Adoecer para aprender a ter saúde!

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Você já parou para pensar que tem sempre uma companhia constante? É, isso mesmo. Você tem uma companhia fixa, fundamental para sua vida: você mesmo. Estamos a todo tempo conosco, seja quando estamos sozinhos ou em meio a outros sujeitos. Apesar disso, dificilmente reservamos um tempo para cuidarmos de nós mesmos, tanto internamente quanto externamente. Estamos dispostos a lidar, normalmente, com os conteúdos prontos, que vêm de fora. É exatamente por isso que, mesmo com uma convivência diária conosco, lidamos com uma vida ausente de reflexão.

O mais curioso é que sempre temos uma diversidade de desculpas para nos conectarmos em tudo o que se passa externo a nós, mas não foquemos em nosso próprio interior. Quando desejamos verdadeiramente refletir sobre nossa vida, nossos princípios, nossa atual situação, nossas perspectivas, nós podemos. O grande desafio é sentir vontade para tal.

Incrivelmente, nós temos a capacidade de vivermos desse modo por anos a fio, sem que absolutamente nada nos incomode nesse sentido. Porém, em algum momento, que é variável de pessoa para pessoa, se não há qualquer tipo de reflexão sobre os próprios comportamentos, atitudes, desejos, o nosso corpo se paralisa, o que nomeamos de parada por imposição orgânica, ou seja, adoecemos. E por mais que tentemos ignorar a doença, esta tentativa é completamente inadequada, na medida em que o adoecimento causa dores, fraqueza, indisposição… nos levando ao repouso forçado.

A partir dessa perspectiva, podemos constatar que quase todas as doenças que desenvolvemos são causadas por nosso psíquico, ou seja, há a tão falada psicossomatização, que é uma mal que se origina em nosso psíquico e que em algum momento é transmitido para o nosso corpo. Nada em nosso corpo aparece aleatoriamente. Tudo nele é investido mentalmente de forma consciente ou não.

Sendo assim, precisamos assumir a responsabilidade de refletir sobre nossa existência com nossa doença, e aproveitar a pausa na vida para refletir sobre como estamos vivendo. Não nos irritemos com a limitação. Utilizemos dela para um bem maior: nossa saúde.

Divórcio e filhos: como fazer?

 

SEPARACAO

O divórcio é, sem dúvida, um momento de crises para os sujeitos envolvidos, mesmo porque as mudanças que ocorrem a partir dessa decisão são vivenciadas por ambas as partes.

O divórcio, ou mesmo uma separação, indica o fim de uma relação conjugal. No entanto, para um casal com filhos, faz-se necessária a nutrição e manutenção de uma relação de cooperação entre os pais: a relação co-parental.

A relação co-parental é difícil de alimentar, na medida em que é bem comum que após uma separação conjugal o ex-casal esteja ainda cercado de ressentimentos e mágoas que fazem com que a relação que eles devem ter como pais também sofra abalos.

É importante afirmar que isso quer dizer, basicamente, que a separação coloca um ponto final na relação conjugal, mas não na função parental, ou seja, há uma necessidade de se separar o ex-cônjuge do pai / mãe atual, pois é completamente inadequado o pedido ou desejo de que passe também ser ex-pai/mãe.

Considera-se relevante ainda que o fenômeno de ser pai / mãe é relativo, visto que a quantidade e a qualidade de envolvimento de cada um dos pais com os filhos é completamente variável. Então, exigir uma divisão igualitária em todos os momentos das responsabilidades parentais é praticamente impossível.

Contudo, o que ocorre algumas vezes é que lutas são mantidas, baseadas em frequentes acusações relativas a diferenças no tipo de envolvimento, tipo e forma de contribuição, ficando muitas vezes relegado para segundo plano o bem-estar dos filhos e somente o próprio bem-estar de cada um dos pais. A verdade é que cada um os pais pode contribuir de formas distintas, quer a nível material, afetivo e/ou social.

No entanto, é quase que utópico afirmar que, em uma separação conjugal, a separação ocorrerá de maneira harmoniosa. De fato, a separação pacífica, sem qualquer discussão, tem mais a ver com a utopia do que com a realidade humana e é importante saber que os conflitos geralmente fazem parte do processo de separação parental. Estes, quando ocorrem de maneira equilibrada, podem ser favoráveis para o encontro de negociações saudáveis para todos os envolvidos. De fato, apesar de todas as desavenças, a realidade é que o ex-casal deseja, após a separação, a felicidade dos filhos e a própria felicidade, de maneira individual.

Assumiu o compromisso de ser pai / mãe? Isso é para sempre, é definitivo! Por isso, não há problemas em assumir-se como ex-cônjuge, desde que exista um investimento no papel de pai/mãe, com o intuito de estabilizar um futuro positivo para os filhos. Para tal, é necessária uma relação com o ex-parceiro, cada qual assumindo sua função paterna / materna. Cooperação parental é a chave para o sucesso dos filhos.

Você é uma pessoa influenciável?

Influencia

Eis uma questão que é comum que em algum momento de nossas vidas, pensemos. Eu sou uma pessoa influenciável? Certamente, muitas pessoas terão dificuldades de confessar que sim, principalmente porque em nossa sociedade admitir ser influenciável é o mesmo que declarar-se sem personalidade e fraco. No entanto, é fato que, mesmo as pessoas que se revelam bastante seguras e decididas, em alguns momentos acabarão sendo influenciadas positiva ou negativamente por alguém ou pelas circunstâncias. Contudo, a influência somente é exercida se o sujeito influenciado aceita, ou seja, a influência ocorre que por uma escolha própria.

Por incrível que possa parecer, situações em que um grupo, uma pessoa ou mesmo uma situação exerçam influência a outrem são bem comuns e frequentes. Muitas vezes, a influência ocorre a partir de uma boa intenção de familiares, amigos e até mesmo conhecidos que distribuem conselhos para nos “tornarem mais felizes” sem ao menos procurar saber quais são nossas verdadeiras necessidades e objetivos.

A verdade é que somos influenciáveis por natureza e o nosso círculo de convivência tem relativa participação nisso. Por isso, é fundamental analisarmos com parcimônia as mensagens que recebemos, já que, caso não atuemos com precaução, corremos o risco de nos tornarmos parecidos com pessoas de hábitos e atitudes que não toleramos.

Em contrapartida, convivendo com sujeitos entusiastas, cheios de energia, felizes, saudáveis, de bem com a vida e com ideias prósperas, podemos nos influenciar de maneira favorável, e isso não é sinal de imitação. Pelo contrário: é sinal de inteligência reconhecer os pontos fortes das pessoas e tentar adotá-los para a nossa vida. Refletir sobre as influências que recebemos e o quanto elas têm nos favorecido para a nossa condição atual é rico. Identificar quem são nossos “verdadeiros amigos” fará uma grande diferença. É muito válido ainda observar se eles realmente querem o melhor para nós ou estão apenas querendo que sejamos como eles.

Saiba que ninguém é obrigado a passar a vida inteira com as mesmas pessoas ou vivendo as mesmas situações embaraçosas e constrangedoras seja no trabalho, em casa ou no círculo de amigos. Muitas pessoas acham desagradável sair desses grupos, mesmo que eles estejam fazendo mal a elas. Isso é um grande erro! É sábio escolher influências úteis e positivas e pessoas capazes de nos influenciar dessa maneira. Fazer novas amizades pode trazer novas influências saudáveis. Destaque um mentor para inspirá-lo de forma positiva! E por último, lembre-se de um antigo ditado, mas muito preciso: “diz-me com quem andas que te dir-te-ei quem tu és.”

Sofrer por antecipação

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É curioso pensar no quanto os tempos modernos têm feito com que muitas pessoas sofram por antecipação. E o que é negativo nessa conduta é que gastamos uma grande quantidade de energias que, certamente, poderiam ser utilizadas de maneira mais satisfatória e útil.

Sem dúvida, um pouco de preocupação, além de relevante, é saudável para todas as pessoas, na medida em que, caso não nos importemos com nada, não teríamos o senso de responsabilidade para a efetivação de qualquer compromisso, ou seja, a vida em sociedade se tornaria um caos. De fato, todos os sentimentos na dose certa e no momento oportuno são saudáveis para a vida em sociedade e para a autopreservação. O grande problema ocorre quando exageramos nas nossas reações e acabamos perdendo o equilíbrio. E a consequência disso é que ficamos ansiosos e acabamos adoecendo. Felizmente para todos nós, não é possível pensar em todas as várias possibilidades e enfrentar as questões por todos os ângulos, porque as variantes são infinitas.

Aprender a cortar esse tipo de pensamento pela raiz não é uma tarefa simples, claro. Substituir o pensamento que gera ansiedade e sofrimento por pensamentos positivos é uma tarefa ainda mais desafiadora, mas muito favorável. Chegamos então à questão: Por que pensamos de maneira tão negativa, mesmo sabendo que essa conduta causará sofrimento? A resposta é simples. Socialmente, nos desenvolvemos em um contexto que faz com que sempre tenhamos que nos preocupar com tudo e com todos. É exatamente por isso que muitas pessoas imaginam situações desagradáveis e passam a ter sentimentos dolorosos, e às vezes, até agem como se as situações fossem reais. Isto acontece porque a nossa mente tem a capacidade imaginar circunstancias tão vívidas que o nosso cérebro detona respostas corporais, através dos sentimentos, para fazer face ao imaginado. E os sentimentos nos induzem a comportamentos desligados do real.

Ter uma vida feliz, um bom relacionamento afetivo, ser socialmente ativo, realizar atividades físicas, são ótimas maneiras de nos libertarmos das consequências de nossas preocupações antecipatórias. É necessário tirar algumas horas por semana para cuidarmos de nós mesmos. Foque em você, cuide-se, se respeite! Valorize-se como pessoa.

Devo dizer que não vai ser de uma hora para outra que se consegue deixar de exagerar nas reações de ansiedade e preocupação. É necessário muito treino e determinação para a modificação dos pensamentos e da conduta. Cada sujeito tem um tempo, que deve ser respeitado. Mas se a vontade de mudar é grande, o êxito é garantido.

Você colhe o que você planta!!!

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Certamente, todos nós já ouvimos essa frase tão verdadeira: Nós colhemos o que plantamos. É fundamental saber disso, visto que é exatamente isso que ocorre na nossa vida. Nós sempre iremos colher aquilo que plantamos. Nem mais, nem menos. Se nos comportamos de maneira saudável, positiva, focada no bem não somente pessoal, mas também coletivo, é fato que receberemos os frutos dessas atitudes.

Ter a consciência de que todos os nossos comportamentos e atitudes têm um retorno pode ser um incentivo para que passemos a atuar de uma maneira mais satisfatória para nós mesmos e para as pessoas que convivem conosco.

Muitas vezes, algumas pessoas afirmam que estão passando por uma situação difícil e que a vida parecer conspirar contra elas a todo tempo. Mero engano. Cada um de nós é responsável pelas nossas escolhas. E cada escolha gera uma consequência, seja favorável a nós ou não. É típico do ser humano dizer que quando algo deu errado, é porque o outro fez com que eu agisse de determinada maneira. Grande erro! Eu elejo o que eu penso e faço da minha própria vida. Sei que é muito mais fácil responsabilizar o outro por um erro ou mesmo um fracasso que vivenciamos. Mas enquanto fazemos isso, não há conscientização de que a nossa própria atitude é que foi prejudicial, e isso fará com que continuemos cometendo erros. É um círculo vicioso que só terá fim a partir do ato de se conscientizar e assumir as próprias escolhas.

Se o caminho que escolhemos fazer é ruim, danoso, o retorno vem e, muitas vezes, em uma velocidade inimaginável. A grande questão que temos que levar em consideração é que, por mais que sejamos responsáveis pelos nossos atos, interagimos com muitas pessoas e vivenciamos situações com as mesmas, e estas fazem parte de nós e da nossa história. Tudo é válido.

Da mesma forma, as mudanças que você faz ao longo de sua carreira alinham os retornos que você terá a frente. E no mundo do trabalho, plantar significa, sem qualquer dúvida, colher. Se você se preparar bem, entender o que é importante para fazer acontecer, for competente, estiver sempre disposto a resolver e apoiar os outros em todos os momentos, então você colherá os frutos de sua conduta.

Não espere para iniciar o plantio. Quando mais você hesitar em ter atitudes positivas e saudáveis, mais tardia será a colheita. Não espere pela mudança do outro. Você nunca colherá dessa maneira. Faça o seu caminho ser o melhor para você mesmo, entendendo que só você pode fazê-lo acontecer. 

Avaliar o que se passa com você e analisar os resultados e experiências é imprescindível. Vale à pena parar, refletir e agir. 

Caso você perceba que não está agindo bem, mude. Cada um sabe muito bem o que colheu até agora. Quem escolhe e colhe é você.

Estou deprimido!

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Observo o quanto é comum, na atualidade, que as pessoas afirmem estarem deprimidas. A expressão “estou deprimido (a)”, tornou-se apenas um sinônimo para denominar sensações como “estou desanimado”, “estou triste”, “estou tendo um dia ruim” e afins.

O mais curioso é que, há alguns anos, era motivo de grande vergonha afirmar que se estava vivenciando um quadro de depressão. Hoje, tornou-se algo extremamente comum.

É verdade que a depressão tem tido um grande crescimento na população na última década. Por isso, alguns autores mencionam a depressão como a “constipação da saúde mental”. Possivelmente, algum de nós tem pelo menos um parente ou amigo que já passou ou está passando pelos efeitos da depressão, tanto que a venda de antidepressivos nunca vivenciou um índice tão elevado como atualmente e as baixas médicas devidas à depressão estão constantemente crescentes. A Organização Mundial de Saúde aponta hoje a depressão como uma das maiores causas de absentismo laboral e aponta para um crescimento ainda maior.

Há uma estimativa que entre 30% e 60% da população mundial sofra, em um determinado momento de sua via, pelo menos um episódio depressivo. Nos adultos, a proporção do quadro depressivo é bem conhecida. A grande questão é que os indicadores apontam que há uma tendência que crianças e adolescentes também sofram de depressão de maneira precoce e mais frequente. E os efeitos da depressão podem ser cada vez mais devastadores para todos esses grupos.

Estudos médicos têm detectado que a depressão faz com que a pessoa doente apresente uma demora muito maior na recuperação, além de depressivos terem uma tendência maior a sofrer de doenças de foro físico e mental, o que certamente debilitará o sistema imunológico do sujeito. Se, para algumas pessoas, os efeitos da depressão são sutis, como uma incapacidade para sentir alegria e prazer, desmotivação, insônia ou perda de apetite pela vida (ou seja, apetite alimentar, apetite sexual e até apetite social!), para outras os efeitos podem ser bem mais graves. A incidência de suicídio em países desenvolvidos aumentou meteoricamente nos últimos 50 anos, e são muitos os exemplos de pessoas que passam vidas inteiras debilitadas com sintomas depressivos.

Constata-se que com a modernização e o crescimento mundial, a depressão tem “surgido” nos sujeitos com mais frequência e intensidade. Socialmente falando, podemos afirmar que a depressão tem ocorrido, então, devido à instabilidade de nossas vidas pessoais, profissionais e sociais, ao estresse que coloca sobre nós a intensidade e exigência das profissões modernas, ao rompimento do sistema familiar tradicional, ao nascimento de uma cultura orientada para o sucesso pessoal e imediato, medido pelo que se ganha financeiramente e ao isolamento do convívio social que as nossas atividades do dia-a-dia acabam gerando.

Psicologicamente falando, fatores que podem desencadear a depressão são a falta de crença que a pessoa tem em si mesma, percepções negativas acerca dela mesma, das outras pessoas e do mundo, e principalmente de seu futuro.

É fundamental ressaltar que o prognóstico da depressão será muito mais positivo quanto mais cedo se intervier sobre ela. Se sente que está deprimido há muito tempo, não se desespere. Pense que a depressão somente será eterna se você permitir que isso aconteça. A depressão é uma condição completamente reversível. É importante crer nisso e acreditar em sua capacidade de recuperação. Procurar ajuda pode ser um diferencial. Acredite sempre em você! Faça escolhas saudáveis e tenha uma vida plena!

O que é amor platônico?

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Amor platônico nada mais é do que o amor idealizado. O termo “platônico” é oriundo do nome do filósofo grego Platão (350 a. C.). Este sábio tinha uma crença na existência de dois mundos: o mundo das ideias, onde todas as coisas eram eternas e perfeitas, e o mundo real, limitado e com imperfeições.

Por isso, quando vivenciamos um amor platônico, estamos experienciando os dois mundos ao mesmo tempo: um onde estamos sozinhos, e o outro onde namoramos com uma pessoa perfeita e que nos completa em todos os âmbitos, pessoa esta que se transforma em nosso objeto de amor.

O amor platônico pode ser compreendido como amor impossível, visto que este envolve a mistificação do ser amado, que é colocado, frequentemente, em uma posição inatingível. É extremamente comum que adolescentes e jovens adultos, especialmente os mais tímidos e introvertidos, vivenciem esse tipo de amor. A imaturidade emocional, além da inibição e da insegurança, são grandes motivadores para a gênese desse comportamento.

Há uma idealização tão intensa do objeto amor, que o sujeito que está amando platonicamente sente um grande medo de não atender as demandas do ser amado, o que faz com que esse amor seja sentido à distância, ou seja, é posto um impedimento de o amor ser correspondido. Com isso, a troca de experiências entre um possível casal se torna nula, e é exatamente essa troca que permite que o sentimento de amar valha à pena, com a vantagem acrescida de poder ainda ajudar a superar conflitos e dificuldades do dia a dia.

Muitas pessoas têm um amor platônico porque têm medo de sofrer com um amor real. Viver com uma amor que não se realizará é mais fácil para essas pessoas do que ter que vivenciar desapontamentos e tristezas que podem fazer parte de uma relação real.

Nós, sujeitos, crescemos em um contexto que faz com que desejemos um par ideal, perfeito, completamente compreensivo. No entanto, nos relacionamentos reais, somos constantemente colocados à prova, principalmente se aceitarmos darmo-nos a conhecer tal como somos, o que significa arriscar sermos amados, mas também rejeitados. E a rejeição não é fácil de aceitar.

Um relacionamento amoroso é uma excelente oportunidade de crescermos e nos conhecermos. E infelizmente, não há crescimento sem sofrimento. Mas também inclui uma enorme felicidade crescer. Um relacionamento amoroso somente flui quando desejamos lutar pela relação, arriscando-nos a deixar o nosso “porto seguro”. Se investirmos verdadeiramente, pode ser muito vantajoso.

É verdade que todas as relações iniciam-se a partir de amores platônicos. Certamente, o parceiro inicialmente é idealizado, imaculado. Somente a partir do envolvimento é que conhecemos o outro e crescemos. E crescer é arriscar. Caso estejamos dispostos a arriscar, podemos sentir um prazer intenso, que somente uma relação amorosa real, dinâmica e saudável pode proporcionar.