A relação entre irmãos proporciona uma série de aprendizados e uma infinidade de experiências ímpares, tais como carinho, ciúmes, apoio, desavença, inveja, rivalidade, brincadeira, negociação, cumplicidade, entre outros tantos.
O relacionamento entre irmãos é impregnado de expectativas positivas como o amor fraterno, por exemplo. Não obstante, esse tipo de relação traz à tona não somente sentimentos de amor, mas também os de ódio, em igual proporção.
Quando a família tem um segundo filho, instaura-se o que nomeamos de subsistema fraterno, e este envolve vários sentimentos. O nascimento do segundo filho pode ser vivido com muita intensidade pelo primogênito, na medida em que este se sente perdendo o seu lugar único na família, passando então a ter que disputar com alguém, com o irmão. Essa disputa é histórica, visto que, na Bíblia, trata-se a relação de Caim e Abel, que tem um trágico final. A rivalidade faz parte de quase todas as relações fraternas. Observa-se nesse relato somente as características negativas de uma relação entre irmãos. Para que consigamos visualizar também o lado positivo do relacionamento fraterno, é preciso compreender que essa relação exige a aceitação de sentimentos de ambivalência, de amor e de ódio. É fundamental ainda observar que a relação entre irmãos é altamente influenciada pelas expectativas que a família tem acerca da personalidade, das habilidades e competência de cada um dos filhos.
Falando de pontos favoráveis na relação entre irmãos, esta é uma importante fonte de aprendizagem e de treino de relação entre iguais. Esse é o primeiro contexto na vida de uma pessoa em que aprendemos a competir, a ser solidários e é onde construímos nossa autonomia. Conforme mencionado anteriormente, as expectativas criadas pela família fazem com que as relações de poder, a função de cada uma dos irmãos e o tipo de comunicação que cada um deles usufrui sejam construídas. Para que essa relação flua satisfatoriamente, os pais não devem se envolver exageradamente na relação fraterna, especialmente quando os filhos já são adolescentes ou adultos.
Finalizando, tornar-se irmão é uma tarefa complexa, mas extremamente prazerosa e que exige organizações presentes e futuras de todo o sistema familiar. Os relacionamentos fraternos mostram-se como fortes colaboradores para a harmonia ou desarmonia na família, bem como são o local onde as pessoas aprendem a desenvolver os padrões de seus relacionamentos.