O poder da Hipnose

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Como viver minha vida sem este problema? Essa é uma pergunta bastante comum em meu consultório. A minha resposta para essa questão é “não sei, mas que tal criarmos um novo modo de sentir a vida?”. A minha resposta normalmente causa espanto em meus pacientes. Ainda assim, eles aceitam. Então, sugiro um rápido exercício de Hipnose Clínica denominado “pseudo-orientação no futuro”. Quando o paciente está em transe, é sugerido que este faça uma “viagem no tempo”, especificamente para um lugar ou uma situação no futuro, com o intuito de que este experimente a sensação de sua vida sem o problema que tanto o limitava. Perguntas como “como seria o seu cabelo?”, “A sua roupa?”, “A sua postura corporal?”, “As suas emoções?” são feitas por mim, o que faz com que o paciente tenha uma experiência de imagens mentais o mais autêntica possível.

Em uma sessão como essa, usufruindo da ferramenta “Hipnose”, é possível a criação de um ambiente emocional de curiosidade e mudança. Esse, sem dúvida, é o primeiro passo para um futuro diferente. A sessão é finalizada com um pequeno treino do exercício de auto-hipnose. Dessa maneira, é estabelecido o processo de familiarização com uma nova realidade de viver e sentir a vida e, literalmente, isso abre novos percursos neuronais que vão impulsionar a mudança, e quebra progressivamente a rotina de velhos hábitos de ser e estar.

Por algum momento em sua vida, você já pensou na possibilidade de “recriar” o futuro? Pois bem. A modernidade tem feito com que cada vez mais atuemos através de um “piloto automático”. Nossa mente pode ser comparada com uma espécie de software de altíssima sofisticação. Grande parte das atividades que realizamos sequer nos damos conta.

A nossa mente faz o processo de interiorização e automatização para nos poupar tempo e recursos, e deste modo não termos que pensar ou aprender tudo de novo cada vez que iniciamos uma tarefa. Este processo é tão eficiente, que não temos controle consciente dele, nem o podemos travar. A interiorização é feita quer queiramos quer não, e guardada em um enorme “depósito de memória”, estando disponível sempre que necessário, sem termos que nos preocupar em quando e como acessar essa informação.

É interessante saber que do mesmo modo que aprendemos a automatizar tarefas rotineiras e necessárias, o mesmo acontece com comportamentos complexos e hábitos pouco saudáveis. Os seres humanos têm a habilidade de associar emoções a comportamentos e pensamentos, e estes nem sempre se transformam em situações agradáveis e se ajustam à vivência que desejamos ter, e isso pode ser um fator que fará com que a qualidade de vida seja comprometida.

Devemos pensar que da mesma maneira que estando conscientes do que nos faz mal, continuamos a repetir comportamentos e rotinas de pensamentos, é possível que lançando mão apenas da força de vontade não consigamos mudar essa conduta danosa. No estado de hipnose, que é um estado de concentração e foco denominado de “atenção focada”, aplicamos técnicas de sugestão hipnótica incorporadas na imagética e visualização criativa, com a intenção de obter um impacto mais intenso e eficaz na alteração de comportamentos automatizados, e assim, ganhar rotinas mais saudáveis e adaptadas à nossa vontade. É como se vivenciássemos um novo processo de aprendizagem de hábitos saudáveis, que substituíram os antigos e ruins, o que nos proporcionarão uma maior qualidade de pensamentos e, consequentemente, qualidade de vida.

Esquizofrenia: como viver?

esquizofrenia

Certamente, você sabe que à medida que crescemos, somos bombardeados com uma série de orientações e informações que nos motivam a procurar e planejar um percurso de vida. Criamos metas e temos sonhos, que passam a ser para nós objetivos que nos induzem a um futuro que parece feliz. Porém, e quando tudo isso desmorona, pois as circunstâncias da vida fizeram que com tivéssemos que pensar em um plano alternativo? Essa é uma situação bastante complicada. Um dos fatores que podem alterar o ciclo natural da vida é o transtorno denominado Esquizofrenia, que afeta pelo menos 1% da população mundial e que surge comumente entre os 18 e os 25 anos. Foi constatado cientificamente que quanto mais cedo esse transtorno surge no indivíduo, mais drástica são as consequências desse quadro. Quando a Esquizofrenia ocorre em um período de maturação do sujeito e de implementação de um projeto de vida, fica muito difícil a aprendizagem para viver nessa nova condição, caso esse indivíduo não tenha apoio especializado.

Diante disso, o que fazer quando a família se depara com essa situação? Com a mudança da lei da saúde mental, foram implementados centros especializados em inserir socialmente pessoas com um grau incapacitativo devido à Esquizofrenia, que poderão projetar um futuro possível. Esses centros sócio-ocupacionais são locais que funcionam em horário laboral, nos quais esses sujeitos poderão desenvolver habilidades e competências que ainda não haviam adquirido ou simplesmente perderam com o decorrer do transtorno. Existem também residências onde os esquizofrênicos vivem com apoio especializado, apoio este que varia de acordo com o grau de incapacidade de cada pessoa, e ainda empresas que foram criadas com o objetivo de integrar profissionalmente pessoas portadoras de doença mental.

O primeiro passo visando a readequação desses indivíduos, é acionar o SUS e solicitar informações sobre uma das instituições que trabalham com este transtorno e solicitar a integração nos seus espaços ocupacionais. Depois da avaliação das competências a adquirir é elaborado um Programa Integrado de Reabilitação, no qual consta os diferentes objetivos (hábitos de higiene, competências pessoais e profissionais, adesão à medicação). Esse trabalho é realizado com uma equipe multidisciplinar: médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros. Posteriormente, é iniciado o processo de integração profissional. Caso haja necessidade residencial, a integração em residências específicas é uma possibilidade, e são várias as instituições que providenciam este serviço, sendo que assim as próprias famílias podem ter uma vida mais autônoma, podendo estabelecer relações mais saudáveis com os seus familiares. Estas instituições são parcialmente financiadas pela Segurança Social e por isso os preços destas são bastante razoáveis.

Enfim, na atualidade, é totalmente possível ter uma vida plena, mesmo sofrendo de esquizofrenia.

Divórcio: colando os cacos

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A ruptura de um casal é um momento extremamente marcante e que causa um grande choque psicológico em ambas as partes.

É um fato que o contexto da separação é acompanhado por uma intensa carga de estresse que os ex-cônjuges terão de enfrentar. Esse estresse tem sua gênese nos diversos sentimentos e realidades que se impõem a partir do rompimento da relação.

Cada um à sua maneira e conforme a natureza do processo de separação, enfrentará o sentimento de perda e tristeza por ver o outro partindo. Ambos poderão sentir também a sensação de terem sido abandonados ou rejeitados, a culpa por não terem conseguido sustentar a relação com o outro e o medo diante de um futuro incerto. Acrescem-se ainda a inevitabilidade das realidades que se alteram e que são igualmente geradoras de uma considerável carga emocional, como por exemplo, a alteração da situação econômica do casal, a frequência de oportunidades relacionais com os filhos e com a família alargada do ex-parceiro/parceira.

A associação desses fatores é delicada e difícil de lidar, tanto que é compreensível que a resolução deste momento de crise possa estender-se a 02 (dois) anos.

Como seres humanos, dificilmente conseguimos eliminar o estresse oriundo desse tipo de crise. Não obstante, podemos reduzí-lo a níveis não invasivos. Há ainda a possibilidade de que cada indivíduo encontre e crie maneiras de armazenar energia suficiente para gerir a crise que, mesmo que essa se pareça, inicialmente, insuperável.

Para garantir uma sobrevivência saudável das relações parentais, após a extinção dos papéis marido – mulher, é preciso que ambos apelem à qualidade do perdão dos erros e falhas do ex-parceiro, além da evitação da exposição dos deslizes e desvios no comportamento do outro.

O casal frequentemente se separa por causa pelas incompatibilidades de ideias e comportamentos. No entanto, nenhum dos parceiros consegue se libertar totalmente da função paterna / materna. Nesse sentido, tolerar as diferenças, após a separação, é necessário para que os dois possam continuar a exercer uma função parental saudável, num regime agora diferente.

A separação é um momento muito difícil para as duas partes. Caso você esteja passando por isso, saiba que o ato de culpar o outro não irá alterar verdadeiramente a dor e a sua compreensão.

O caminho da cicatrização interna é encontrado no caminho de olharmos para nós próprios e procurarmos o que há da nossa responsabilidade nesta crise, porque numa situação de separação ou divórcio, a responsabilidade é partilhada, e é importante que cada um descubra o que lhe pertence. Não existe nenhuma relação que fracassa somente porque uma das partes se equivocou ou falhou.

Transcender à crise significa ter a coragem de nela se aprofundar, no sentido de a conhecer, compreender e incorporar. É ter consciência daquilo que fomos, daquilo que somos e daquilo que pretendemos ser.