Adolescência!

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Os jovens da atualidade atravessam uma fase bem turbulenta, assim como os jovens das gerações passadas. Esta fase, marcada por mudanças, conquistas e desafios, é muito importante para a consolidação da identidade pessoal, sexual e psicossocial.

Cada um de nós constrói o nosso “eu” a partir das interações relacionais com outros significativos, independente destes serem reais ou personagens.

É comum que na infância nossos modelos de identificação sejam nossos pais, mas na adolescência e com todo o movimento que a acompanha, é frequente a identificação mais íntima com os grupos de pares, que podem ser os colegas de escola, do bairro, das redes sociais. Esses grupos atuam como espelhos que estruturam um reflexo para os adolescentes, ao nível dos interesses musicais, preferências, medos e ideologias.

Ao mesmo tempo em que o jovem se identifica, ele se diferencia, visto que essa mudança de orientação dos afetos é fundamental para que os adolescentes ascendam à realização, construção de ideias e afetos próprios, transcendendo às identificações infantis, bem como descobrindo e elegendo modelos conforme o que pretendem ser no futuro. Assim, os ídolos preenchem essa lacuna de busca.

Concomitante às revoluções sociológicas, o conceito de ídolo tem sofrido mudanças, passando muitas vezes da esfera divina à esfera humana. Desde a revolução tecnológica, que personalidades acabam se tornando ídolos, a partir da divulgação e atuação dos meios de comunicação e posterior aclamação popular, tornando-se “objetos de adoração” que acabam contaminando o imaginário das massas.

Essas personalidades representam uma grande quantidade de características valorizadas pelos jovens e pela cultura ocidental, seja pela rebeldia, pela independência, pela beleza, fama, sucesso ou dinheiro.

Cultuar um ídolo pode exercer importantes efeitos colaterais e socializadores, a partir das ofertas de papéis e modelos, atitudes e comportamentos, disponíveis para várias culturas juvenis.

Através da vivência com os pares, nos deparamos com verdadeiros atos de idolatria que denotam uma dedicação extrema desde a celebração, agora em novos espaços de adoração, como os espaços virtuais, sites de divulgação, blogs, Youtube e obtenção de bilhetes de entrada para espetáculos, além da aquisição de acessórios e roupas. Essas não deixam de ser passagens de adoração, que permitem ao fã ter seu ídolo cada vez mais próximo, confraternizando e compartilhando com os seus traços de identidade.

Ter ídolos e adorá-los é algo comum à adolescência. Esse ato só se tornará preocupante se esse interesse passar a ser o foco central da vida do jovem, passando da admiração à obsessão, seja a obsessão em ser como o ídolo, ou a obsessão em ser fã desse ídolo, o que não permitirá a autonomização e diferenciação da identidade.

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