Quando falamos de antidepressivos, estamos citando um dos fármacos mais frequentemente prescritos em nosso país. O uso desse tipo de medicamento tem se tornado a cada dia mais freqüente e abundante. Por isso, considero que seria interessante que uma pesquisa fosse realizada em nosso país para verificar em quantas casas brasileiras pode-se encontrar uma caixa de Fluoxetina, por exemplo. Possivelmente, o resultado seria surpreendente.
Um dos pontos mais discutidos envolvendo os antidepressivos é sobre os efeitos colaterais que estes podem desencadear. Qual a presença destes em pacientes usuários de antidepressivos? Qual a real intensidade desses sintomas? Quais os riscos associados a esses medicamentos? É bem provável que todas essas questões estão presentes na mente de um médico ao prescrever um antidepressivo, assim como na lista de preocupações dos pacientes que estão sendo receitados com esse medicamento.
Um estudo realizado no Hospital de Rhode Island, nos Estados Unidos, investiga 300 pacientes diagnosticados com depressão e que fazem uso de antidepressivos, solicitando que estes preencham um questionário relativo aos efeitos colaterais que manifestavam. Em seguida, esses resultados foram comparados com um levantamento dos efeitos colaterais que constavam nas fichas elaboradas pelos médicos que acompanhavam esses pacientes. Eis que os resultados foram muito discrepantes: o número médio dos efeitos colaterais declarados pelo paciente era pelo menos 20 vezes maior que o declarado pelos médicos, sendo que nas escalas que admitiam pequenas variações os resultados chegaram a ser de 02 a 03 vezes superiores. Em um contexto onde a adesão à terapêutica farmacológica é normalmente uma dificuldade, estes valores podem auxiliar na explicação da razão pela qual tantos sujeitos deixam de fazer uso da medicação. Vale ressaltar que essa situação é particularmente para indivíduos que não passam por nenhum outro tipo de tratamento, como a psicoterapia, por exemplo. A descontinuação repetina e não acompanhada por um médico direcionao paciente frequentemente a uma recaída súbita e intensa.
A partir desse resultado, uma ampla reflexão foi realizada e uma questão foi elaborada: O que poderia estar na base dessa diferença de valores? A maior suspeita dos investigadores é que comumente se dê uma importância exacerbada aos efeitos colaterais relacionados à sexualidade e assim, outros importantes sintomas fiquem sem o controle. Certamente, essa afirmação é baseada na comunicação entre o médico e o paciente.
Por isso, caso esteja fazendo uso de algum antidepressivo, informe-se com seu médico sobre os efeitos colaterais de sua medicação. Seja claro e preciso na descrição sobre o que considera estar sofrendo de alterações em seu organismo, comportamento e humor que podem estar sendo causadas pelo uso da medicação. Quando você colabora com o médico fornecendo essas informações, a tendência é que este ajuste o seu tratamento da melhor maneira possível, o que lhe proporcionará melhoria na qualidade de vida.