O magnífico perdão

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Perdoar definitivamente não é uma tarefa fácil, independente de termos que perdoar alguém que nos fez mal ou a nós mesmos. Entretanto, perdoar é um ato importante para nos libertarmos de rancores, evitar doenças e seguirmos com as nossas vidas de uma maneira positiva. Sendo assim, fica evidente que o perdão é algo que nos faz muito bem. Então, por que mesmo diante de todos esses benefícios, é tão difícil perdoar? Um dos pontos que faz com que esse ato não seja simples é que muitas pessoas confundem o perdão com a aceitação da injustiça. Isso não é perdão. Perdoar é conseguir livrarmos de nosso sentimento de mágoa para conosco ou para com o outro. Naturalmente, em alguns momentos de nossas vidas, vivenciamos situações que fazem com que nos sintamos ofendidos e magoados, em maior ou menor proporção. É justamente por isso que a capacidade de perdoar deve ser aprendida e usufruída de maneira funcional. Mas por que perdoar?

A primeira questão que devemos compreender é que o ressentimento desgasta-nos fisicamente, mas principalmente emocionalmente. Além de muito cansativo, o ressentimento pode nos levar à depressão, ataques do pânico, ansiedade, alterações do sistema imunológico, problemas cardíacos e carga intensa de estresse. Desse modo, perdoar é permitir a nós mesmos seguir nossas vidas, abrindo mão do passado. E essa tarefa não é simples, visto que é bem comum que muitas pessoas desenvolvam uma forma de compulsão repetitiva de voltar a um evento traumático ou determinado padrão de comportamento. Essa situação ocorre ainda mais frequentemente em relações amorosas, quando por exemplo uma pessoa é magoada pelo seu parceiro romântico no passado e a questão não é resolvida internamente, é bem possível que essa pessoa escolherá um novo parceiro afetivo com características idênticas, para poder “resolver” a situação. Neste sentido, o melhor a se fazer é perdoar o que aconteceu e seguir em uma direção satisfatória, ultrapassando a situação.

Quando não perdoamos, acabamos nos permitindo sermos controlados por quem nos causou o ressentimento, já que de uma certa maneira, continuamos ligados ao objeto de mágoa, pois em nossas cabeças, volta e meia revivemos a situação que nos deixou ressentidos. Quando perdoamos, nos libertamos dessa ligação e podemos viver livremente, sem pensamentos nos assombrando.

É importante ressaltar também que quando perdoamos, nos sentimos poderosos. Tal como disse Gandhi, “os fracos não conseguem perdoar. O perdão é atributo dos fortes“. Aceitar e estar em paz com a situação que nos feriu, nos magoou e reconhecer que não podemos ficar presa a ela, faz com que tenhamos controle. Quando perdoamos, nos assumimos responsáveis por nossa felicidade e impedimos que fatos externos determinem nosso estado de espírito. Saímos da posição de vítima e assumimos o papel de protagonista de nossa história.

Por fim, e não menos importante, quando perdoamos, voltamos a ter a capacidade de amar. Luther King disse que “aquele que é desprovido da capacidade de perdoar, é desprovido da capacidade de amar. Há algo de bom nos piores de nós e algo de mau nos melhores de nós. Quando descobrimos isso, somos menos propensos a odiar os nossos inimigos“. Quando deixamos de lado a dor e o ressentimento e assumimos a capacidade de perdoar, nos permitimos voltar a amar e de encontrar esse amor dentro de nós e para com as pessoas a nosso redor.